Carta da Raimunda ao Papai Noel

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Carta da Raimunda ao Papai Noel



Quem tá escreveno é Sivirino pruque num sei escrevê. Começa assim:


Quirido Pai Noel,


Pai Noel, é com o coração espetado por uma seta que pego na minha rude pena pra podê conversá.

Acho que o sinhô tá me sacaneano, Pai Noel, pruque desde Natal passado fiz um pidido e o sinhô fez uma confusão da muléstia.

Pedi assim: Pai Noel traz pra mim um gatão, lindão. Sabe o qui aconteceu? O sinhô se enganô e deixou ele pra vizinha, aquela disgraçada. E deixô pra mim um cachorrão. Um sem vergonha de cachorrão que abusô di mim, viveu na minha casa, comeu minha comida... Também comeu, Pai Noel... Dei- tô na minha rede, balançô pra lá pra cá e nem deu bola pro Zeca. Depois, robô minhas galinha, meu dinheirim e foi em- bora. Cachorrão dos inferno.

Agora, Pai Noel, bota os óculo dereito e traz meu gatão, aquele que mia alto pra daná. Ele pode fazê de tudo que num reclamo. Eu sô a Raimunda, aquela que todo mundo diz qui é feia de cara, mas é boa.... Pode me chamá de Mun- dinha, sou eu sim, mesmo. Tô me preparano pru Natal. Tirei todo bicho di pé, carrapati, piôi e lêndia, pra ficá formosa pra quan meu gato chegá. Limpei dentadura, lavei os suva- qui e pus prefume prá podê esperá. Aquela cocera que tinha naqueli lugá, já sarô.

Olha Pai Noel, aqui a ceia é jirimun, tapioca e uma paço- quinha arretada de boa. Se seu trenó quebrá, tenhu um jumentinho que pode carregá o sinhô pra qualqué lugá. Tô esperano, rezano pras Almas Aflita pro sinho acertá agora. Põe os óculo dereito.

Sivirino pede que adescurpe quarqué coisa. Estou esperano o sinhô, Pai Noel.

Assina:
Raimunda Custódia da Cruz, sua creada, a feia de cara e boa de bunda...
obrigada!

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